- SABEDORIA
O primeiro e maior de tais dons é a sabedoria, a qual é a luz que se recebe do alto: é uma participação especial nesse conhecimento misterioso e sumo, que é o próprio Deus.
Esta sabedoria superior é a raiz de um conhecimento novo, um conhecimento impregnado pela caridade, graças ao qual a alma adquire familiaridade, por assim dizer, com as coisas divinas e encontra gosto nelas.
Iluminado por este dom, o cristão sabe ver interiormente as realidades deste mundo: ninguém melhor do que ele é capaz de apreciar os valores autênticos da criação, vendo-os com os próprios olhos de Deus. (CC III, Ap 1, /12, 422). (Regina Caeli, 9-IV-1989)
- ENTENDIMENTO
O segundo dom do Espírito Santo: o entendimento. Sabemos bem que a fé é adesão a Deus no claro-escuro do mistério; não obstante, é também busca com o desejo de conhecer mais e melhor a verdade revelada. Pois bem, este impulso interior vem-nos do Espírito, que juntamente com ela concede precisamente este dom especial de inteligência e quase de intuição da verdade divina.
Esta inteligência sobrenatural dá-se não só a cada um, mas também à comunidade: aos Pastores... e aos fiéis que, graças à "unção" do Espírito (cfr 1 Jo 2, 20 e 27) possuem um especial "sentido da fé" (sensus fidei) que os guia nas opções concretas. (CC III, Ap 2, 1/2, 422). (Regina Caeli, 16-IV-1989)
- CONSELHO
O dom do conselho. Dá-se ao cristão para iluminar a consciência nas opções que a vida diária lhe impõe. (...)
...A invocação que brota do coração dos seus membros - de todos nós - para obter, antes de mais, a ajuda de uma luz do Alto. O Espírito de Deus vem ao encontro desta súplica mediante o dom do conselho, com o qual enriquece e aperfeiçoa a virtude da prudência e guia a alma a partir de dentro, iluminando-a sobre o que deve fazer, especialmente quando se trata de opções importantes. (por exemplo, de dar resposta à vocação), ou de um caminho a percorrer entre dificuldades e obstáculos.
O cristão, ajudado por este dom, penetra no verdadeiro sentido dos valores evangélicos, em especial dos que manifesta o sermão da montanha (cfr Mt 5-7). (CC III, Ap 4, 2/3, 427).
- FORTALEZA
A graça conferida pelo sacramento da confirmação é mais especificamente um dom de fortaleza. Diz o Concílio que os baptizados, com a confirmação "se enriquecem com uma força especial no Espírito Santo" (LG , 11).
Este dom responde à necessidade de uma energia superior para afrontar o "combate espiritual" da fé e da caridade (cfr Summa Theologiae, III, q.
- CIÊNCIA
A ciência é o dom, graças ao qual se nos dá a conhecer o verdadeiro valor das criaturas na sua relação com o Criador. (...) Diante da multiforme riqueza das coisas, da sua complexidade, variedade e beleza, corre o risco de as absolutizar e quase de as divinizar até fazer delas o fim supremo da própria vida.
Isto ocorre sobretudo quando se trata das riquezas, do prazer, do poder que precisamente se podem tirar das coisas materiais. Estes são os ídolos principais, diante dos quais o mundo se prostra demasiado frequentemente. O Espírito Santo socorre o homem com o dom da ciência. É esta a que ajuda o homem a valorizar rectamente as coisas na sua dependência essencial do Criador. (CC III, Ap 3, 2, 424 s.) (Regina Caeli, 16-IV-1989)
- PIEDADE
A ternura, como atitude sinceramente filial para com Deus, expressa-se na oração. A experiência da própria pobreza existencial, do vazio que as coisas terrenas deixam na alma, suscita no homem a necessidade de recorrer a Deus para obter graça, ajuda e perdão.
O dom da piedade orienta e alimenta a dita exigência, enriquecendo-a com sentimentos de profunda confiança para com Deus, experimentado como Pai providente e bom.
A ternura, como abertura autenticamente fraterna para com o próximo, manifesta-se na mansidão. Com o dom da piedade, o Espírito Santo infunde no crente uma nova capacidade de amor para com os irmãos. (CC III, Ap 6, 2, p.430).
- TEMOR DE DEUS
Com este dom, o Espírito Santo infunde na alma sobretudo o temor filial, que é o amor de Deus: a alma preocupa-se então em não desgostar a Deus, amado como Pai, de não o ofender em nada, de "permanecer" e de crescer na caridade (cfr Jo 15, 4-7).
Deste santo e justo temor, conjugado na alma com o amor de Deus, depende toda a prática das virtudes cristãs, e especialmente da humildade, da temperança, da castidade, da mortificação dos sentidos. (CC III, Ap 7, 2/3, 432).
Hélder Gonçalves
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